quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Olhos oblíquos

Os dois se olhavam e não sabiam o que fazer. A sensatez de ambos pedia-lhes que se afastassem, seguissem com seus caminhos, seguissem com sua vidas, levando o outro apenas nas lembranças, em uma melodia ou imagem qualquer. Mas ambos queriam permanecer ali, e dali só sair com as mãos atreladas fielmente, prontos pra afrontar o que quer que fosse. A coragem da adolescência. Já dizia Machado de Assis, que 'aos 15 anos tudo é uma eternidade'... Aos 17 também. Mas, havia algo errado ali. A cena não estava escrita corretamente. Deveriam enfrentar. Poderiam passar por cima de toda a sensatez e lucidez e arriscar! Sim, experimentar, tentar, viver de verdade. E eu, que de longe observava a cena, a procura de respostas para perguntas que agora me assombravam todas as noites, perguntei-me que diabos estavam fazendo, despedindo-se tão formalmente. Vi a garota dar adeus ao rapaz, com um aceno rápido e um olhar elusivo. O vi retribuir da mesma forma. A garota deu as costas e seguiu seu caminho, vi uma lágrima escorrer discretamente pela sua face, morrendo em seus lábios. O garoto, não se permitiu chorar, mas a frustração estava presente em seu olhar e no soco que dirigiu a parede em sua frente. Agora, eu via. E tinha todas as respostas, e as novas perguntas. A garota era eu. A cena, era minha reminiscência. A falta de coragem era de ambos. O arrependimento também.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Espera.

Vejo na estande uma foto antiga
Lembro bem daquele dia
Olha como você sorria, amor

Lembro daquelas tardes todas
Que ficavamos ali sem ter o que fazer
Falando bobagens
Vendo a noite nascer

Com você eu gasto todo o tempo do mundo
Estar contigo me faz bem
Me faz sorrir, me faz querer nunca me afastar
Eu nunca quero me afastar de ti

É difícil te olhar tão perto e nada sentir
Mais difícil é me limitar
E não dizer todas as coisas que sinto

Como você entenderia o meu "eu te amo"?
O que você faria se eu te disser que amo tanto?

Vamos esperar a hora certa, amor
Vou te esperar o tempo que for
Se você disser que volta
Eu vou esperar, amor

sábado, 13 de dezembro de 2008

Ana Alice - II

Era fim de tarde
Quando Ana quis sair pra ver o sol
Ela quis esquecer o que te fez lembrar
Que na verdade ela não o esqueceu

Era quase tarde demais
Quando Ana parou pra tomar um café
Numa esquina qualquer
Ela esperou o sol cair no mar pra voltar

Ana pede um alguém perfeito
Ana quer alguém sem defeitos

Era cedo demais
Quando Ana chegou em casa e quis deitar
E ligar bem baixo o rádio
Ouvir uma canção boa pra cantar sozinha

Ela se sentia só demais
E agora, no frio que faz
Ana só queria aquele alguém pra te esquentar
Ela só queria alguém pra conversar

Ana sonha com um alguém perfeito
Ana espera por um alguém sem defeitos

Mas o que ela não sabia
É que ninguém esse alguém jamais viria
E quando abrisse os olhos
Lá ele não estaria

Ana se apaixonou por alguém perfeito
Ana se apaixonou por um alguém que nunca viu direito