domingo, 26 de outubro de 2008

Manhãs de Outubro.

Somos dois. E que possa ser assim. Que possamos ser dois. Só que juntos. Sem mais. Sem perguntas de estranhos. Ou de conhecidos. Sem muitas explicações. Sejamos dois. Apenas isso. Eu e você. E algumas canções.

Eu me preocupo com você. Eu penso em nós dois enquanto cruzo a cidade no ônibus lotado. Crio pequenos versos. Mas você ainda não sabe.

Você não diz nada. Mas falam por você. E eu não sei se posso acreditar. Eu não sei se devo acreditar. Mas acredito em algumas coisas. E na medida do possível, me esforço pra que possa dar certo.

E mais que isso, me esforço pra que juntos possamos sorrir. Só. Eu e você.

sábado, 25 de outubro de 2008

15 de abril.

Ela diz que eu sou triste demais. Ela diz que sou mais sentimental do que poetas, que eu falo de coisas que ela está cansada de viver. Ela procura amores, ela não preza muito valores. Ela quer alguém só, ela quer alguém diferente de todos os outros alguens que conheceu. Ela quer alguém que a ame para amar de verdade. Ela quer não querer o que sempre não pode ter. O que vou te dar de presente de aniversário?

sábado, 18 de outubro de 2008

Alvorada

Quis acordar cedo, muito cedo. Queria chegar e ainda encontrar as estrelas lá no céu. Faz frio, muito frio. Acendo o abajur da sala, vou até a cozinha e ponho a água do café para ferver, sem fazer barulho. Abro a porta, sento-me num banco na varanda, e fico ali à olhar. São muitas delas, umas mais brilhantes e outras mais apagadas. Umas parecendo estar mais perto, outras nem tão perto assim. Saber que elas são infinitas, muito maiores do que possamos imaginar e que algumas até já se apagaram é irrelevante nesta hora. Lentamente mudam-se as cores no céu. Preparo meu café, ponho numa xícara qualquer e volto para lá. Sinto vontade de caminhar na praia. Está tão silencioso agora que apenas o som do mar e o canto dos pássaros me distraem. A areia branca, o mar escuro que só se deixa clarear a espuma das ondas, e minha roupa preta. Se qualquer alguém me vir poderá me tachar de maluco, insano, ou outra coisa qualquer, mas eu só queria ver o mar. Eu só queria tentar achar um pouco de paz e voltar. Volto, então, te encontro ainda dormindo. Abro a janela e deixo um pouco de ar entrar. Já está um pouco mais claro, mas ainda escuro. O vento frio te faz encolher-se procurando calor. Sento-me encostado à cabeceira da cama, passo a mão sobre teu rosto tirando os fios claros de cabelo dali. Beijo-te à testa, você sorri procurando uma melhor posição, e dormes. Eu fico a te olhar. Vejo que encontrei minha paz nos braços teus. Teu sorriso é a maior prova de minha felicidade, e entenda minha tranqüilidade como a maior resposta a teu amor.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Papéis que não perdem a cor.

Eu queria lhe oferecer tanta coisa. Passeios nas ruas quentes, escutando aquela música que você tanto gosta. Abraços apertados na fila do cinema. Eu poderia vigiar seu sono dentro do cinema também. Assistindo aquele filme que mesmo engraçado faz chorar. Eu queria acordar cedo. Acordar, tomar café, e te ligar pra saber se você chegou bem em casa, e o que gostaria de fazer a partir de agora.

Aos sábados, à tarde, eu poderia tocar as músicas que venho fazendo pra ti. E mesmo sem saber cantar muito bem, acho que irias gostar.

Andar de mãos dadas por aí (e por aqui). Sorrindo, cantando, e contando sonhos. Talvez você nem acreditasse quando descobrisse que desde aqueles dias (e madrugadas) tão distantes, que falávamos sobre qualquer coisa pra passar o tempo, que desde aqueles dias eu carrego sonhos comigo. E na maioria deles, você está.

Poderíamos ser felizes se quiséssemos.

Eu poderia escrever mais textos pra você. E só pra você. E nesses Domingos de tédio, poderíamos ler todos eles. Juntos. Eu te mostraria meus livros rabiscados. E todos aqueles parágrafos que enquanto lia, pensava em nós dois.

Eu tenho um montão de coisas guardadas aqui comigo. Que eu gostaria imensamente de dividir com você. É só você querer. E se quiser, seremos felizes.

Se você quiser.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Promovendo o Desapego

Tenho pedido forças estes dias. Tenho clamado por esperanças. Eu não encontro mais em mim forças para continuar te esperando. Eu já não consigo mais olhar para mim e acreditar que você não é um sonho. Eu queria poder olhar tua foto e de tanto olhar, de tanto pedir, queria que você podesse se materializar e me abraçar. Só por esta noite, e nada mais. Só um abraço. Só um gesto de carinho destes teus braços frios. Eu queria poder só mais uma vez tocar teus lábios, nem que por alguns poucos instantes. Eu, eu...eu... Eu não sei mais o que dizer. Tudo que se passa na minha cabeça são frases do tipo "Eu te amo", "Eu quero estar contigo o tempo todo", "Eu quero teu abraço", todas as frases que sempre quis te dizer mas nunca tive coragem. Eu vou fechar as janelas, deixar os papéis sobre a cama, tomar as chaves e sair, sem saber que horas voltar. Quero só por hoje te esquecer, só por hoje. Deus, só peço isso. Não, minto. Acima de tudo eu a peço, e me ouve ao menos esta vez. Desespero? que seja, porra! Só penso nela. Só penso em ser feliz com ela, ou melhor, seja como for, feliz ou não, eu vou amá-la de qualquer forma. Tiro o telefone do gancho e deixo ela pensar que esqueci, e que não quero atender. Vamos ver o que vai acontecer quando eu sair daqui, deixá-la sem o apoio e carinho. Vamos ver a falta que faz tudo isso. Vamos ver, deixa estar.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Cinza

Ele nunca soube, que todas as cartas na última gaveta eram pra ele. Ele sempre as via sendo escritas, e nunca questionou o endereçamento. Talvez, eu soubesse que ele temia a resposta, e não saberia como lidar com a condição, como todas as vezes. E talvez ainda, foi isto que me fez perceber que ele era parecido comigo neste ponto, o ponto que eu mais odiava em mim. Minha covardia em relação a expor o que eu sentia, se refletia nas cartas, e a dele, com medo de não ser capaz de lidar com o que poderia vir a ser exposto, ignorava todas as palavras rabiscadas sob pouca luz, nas minhas madrugadas de insônia. E as cartas se acumulavam. E a gaveta ficou pequena. Encher outra gaveta, não adiantaria em nada. A gaveta não sabia ler, a gaveta não era o destinatário. Ele nunca saberá o que estava escrito naquelas cartas antes brancas ou amareladas, e agora, todas em cinzas, espalhadas na grama úmida pelo orvalho, e por uma última lágrima de ressentimento.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Sobre estar só.

Ela sentiu minha falta. Perguntei a razão. "Sei lá, gosto de falar com você", disse ela, além de perguntar a razão de meu sumiço e por onde andei. Respondo. Tenho gostado cada vez menos daqui, deste lugar, aqui tem sido frio. Eu estou querendo sentir frio, mas quando houver alguém para abraçar. Eu venho tentando ser mais humano. Eu quero errar por querer aprender a acertar, e esquecer que ser perfeito dói demais. Eu adotei o telefone no lugar de messengers, a voz já é um pouco mais humano do que letras em verde, azul e vermelho. Deixa eu ir agora que eu quero ver estrelas no céu.