segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Sereníssima

Estava irrequieta há alguns tempos, desses novos dias. Desde o dia que vi você, sentado naquele banco, envolvido em uma calmaria que me encantava, que me fazia querer estar ali do seu lado, nem que fosse só para te ouvir respirar. Não houve tempo, nem audácia suficiente pra eu me aproximar.Tenho a impressão que te vejo diariamente atravessando a praça em frente de casa, não sei se está indo, ou se está voltando. Hoje, determinei que veria mais de perto. Só para confirmar, só para abrandar toda apreensividade por aqui, por saber o que tanto você tem, que gravou seu rosto na minha memória tão inalterável. O tempo não está bonito, como aquela tarde, nuvens cinzas cobrem o azul celeste. Está parecido com a cor da blusa que você vestia. Talvez se te ver, o tempo melhore um pouco. Queria saber seu nome, para poder parar de me referir a você, em devaneios e aforismos, como Eduardo, foi o mais apropriado, pelo fato de carregar 'esperado' como principal significado. Esperei, esperei, mas o suposto você não passou por aqui hoje, como de costume. Suposto não, você mesmo. Sinto que é, sinto que cada vez que olho da janela, e vejo quem julgo ser você passar, com o jeito de andar tranqüilo, idêntico ao que acompanhei passo a passo, naquela praça, naquele dia, é como se algo gritasse aqui dentro para eu ir te encontrar, saber quem és, o que gostas, o tom da sua voz, e o que ouvia naquele dia. Ou, ao menos para ter uma daquelas conversas clichês:


-Tempo ruim, né?
-É...vai chover.
-E então,qual seu nome?


(...)

E assim, talvez, seria, o começo de algo que não explicar o que é.

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