segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Teu Mundo

Que horas são? Preciso lembrar que o tempo anda tão incerto, o sol sai e não demora, logo chove. E se eu quiser te ver, onde posso te encontrar? Não sei teu nome, não sei de nada além do que eu vi. E por que eu penso tão exageradamente em alguém que sequer conheço bem o nome? Reminiscências apenas. Eu vou sair, eu vou te procurar, no mesmo lugar, no mesmo horário daquela terça-feira. Pode ser que você esteje lá, pode ser que eu fique a te esperar. Pode ser que chova, é o que deve acontecer em instantes, e se chover vou te oferecer lugar sob meu guarda-chuva até encontrarmos uma marchise qualquer. Vai ser rápido. Como vai. Espero chegar até o outro lado da rua - onde está a marquise - e te dizer:
- Dessa vez foi de repente, não?
- É, foi sim. Estranho o tempo nesta cidade.
- Você também acha? Você não é daqui, é?
- Não, não sou. Minha família mudou-se para cá semana passada.
- Quer dizer que você está na cidade faz pouco tempo?
- É, viemos por causa da violência da cidade onde morávamos. Meus pais acham que lá pode ser perigoso demais para eu e meu irmão. E também por conta do emprego dele, foi transferido. Prefiro minha cidade...
- Ah, aqui não é tão ruim assim...
- Não acho. Aqui não tem nada. Poucas pessoas, poucos lugares para sair, o clima é inconstante... Além do mais só tem velhinhos jogando xadrez nas praças, para mim as únicas coisas legais aqui.
- [risos] É, aqui é bem calmo mesmo. Por isso gosto daqui.
- Você deve ser louco [risos].
- Com o tempo você se acostuma.
- NÃO! Nem me fale em acostumar-se, quero ir embora o mais rápido possivel.
- Mas você não disse que veio por conta do trabalho de teu pai.
- É, foi, estou quase perdendo as minhas esperanças.
- Onde tu tá morando?
- À duas quadras daqui.
- Vamos, vou contigo até lá. É melhor apressarmo-nos antes que volte a chover.
- Certo, mas só estou aceitando por conta do guarda-chuva, não quero me molhar.
- [risos] Que seja, vamos.

Caminhavamos as duas quadras quando comecei a cantarolar baixo uma canção qualquer...

- Que música é esta? - perguntou ela.
- Ah, nenhuma.
- Vai, diz qual é para ver se eu conheço.
- Acho que não, nunca conheci ninguém que conhecesse.
- Diz logo qual é...
- "Teu Mundo".
- Hã?
- Não disse que tu não conhecia.
- É Dois de Março quem canta.
- Nossa, tu conhece.
- Tanto a música quanto você. Não foi você quem estava naquela praça na terça-feira?
- Nossa, e eu achando que você não lembrava de mim.
- Ah, não tinha reconhecido, mas depois me lembrei sim.
- Desde aquele dia estava querendo saber qual era teu nome.
- Vamos fazer assim, se você adivinhar nós saímos hoje à noite, já que você é a única pessoa que conheço aqui.
- Ok, certo. Fechado!
- Vai, que nome tu acha que tenho.
- Deixa eu ver...é...bem... Alana ?
- [risos] Nossa, um nome diferente. Mas não, não é Alana não.
- E qual é?
- Hoje à noite na Praça do Jardim eu te digo. Às 20h.
- Ah, diz.
- Não, tenho que ir, moro aqui.
- Só o primeiro nome.
- Até às 20h.
- Tchau.
- Tchau.

Mas se isso não acontecer, mesmo assim, ainda será bom demais. É o bastante pra mim. E lembra que isso foi só um sonho, só mais um sonho à dois.

Nenhum comentário: